Crítica: Até a última gota (2025)
Até a última gota se propõe a ser um thriller tenso ao explorar os desafios enfrentados por uma mulher pobre, negra e mãe solo.
"Até a última gota" se propõe a ser um thriller tenso com uma premissa socialmente relevante: explorar os desafios enfrentados por uma mulher pobre, negra e mãe solo. Dessa forma, o longa-metragem tenta dar voz a uma parcela da população frequentemente ignorada nas produções cinematográficas, o que é um ponto forte em sua concepção. No entanto, como obra de arte ou entretenimento, o filme tropeça em sua execução.
A tentativa de manipular as emoções da audiência é excessiva. Assim, o diretor Tyler Perry abusa clichês batidos na trilha sonora e diálogos expositivos que soam artificiais. Além disso, as situações são retratadas de forma grosseira e superficial. E, para piorar, a narrativa se desenrola de maneira morna, sem o dinamismo que um suspense exige.
A Jornada de Janiyah no filme Até a última gota
A trama central gira em torno de Janiyah (interpretada por Taraji P. Henson), uma mãe solteira de Atlanta que enfrenta um dia desastroso. A acumulação de infortúnios — desde um senhorio abusivo e um chefe intimidador até um administrador escolar indiferente, uma fila de clientes insatisfeitos e um policial irritado no trânsito — é rapidamente adicionada à sua já exaustiva rotina. Para piorar, Janiyah acaba no lugar e na hora errados, com o humor alterado.
A situação atinge seu clímax quando os detetives chegam a uma cena de crime sangrenta no supermercado onde Janiyah trabalha. Ela está do outro lado do estacionamento, tentando sacar seu salário no banco, mas sem identificação. A recusa do caixa em liberar o dinheiro a leva a um ato desesperado: ela saca uma arma, algo vermelho pisca na mochila transparente de sua filha, e ela faz reféns os funcionários do banco e alguns clientes idosos.
O Confronto e a Conexão em Até a última gota
Sherri Shepherd interpreta Nicole, a gerente da agência que, ao tentar acalmar a situação, agrava-a ao informar à polícia que Janiyah tem uma bomba. É nesse cenário tenso que a Detetive Kay Raymond, interpretada por Teyana Taylor ("Mil e Um"), entra em cena. Apesar de as imagens de segurança do supermercado não mentirem, a Detetive Raymond intui que há algo mais por trás do desespero de Janiyah e decide intervir como negociadora.
O aspecto mais interessante do filme reside na relação estabelecida entre a policial e a assaltante. As atuações competentes de Taraji P. Henson e Teyana Taylor são cruciais para isso. Elas conseguem infundir alguma humanidade e credibilidade aos personagens, mesmo diante de interpretações muitas vezes caricatas e de uma direção que, apesar de exagerada, peca pela falta de personalidade e originalidade.