Crítica: Turno Maldito (2023) | Sophia Mendonça
No filme de terror Turno Maldito, a linha que separa o que é real do que é puramente espectral é propositalmente borrada.
“Turno Maldito” (2023) nos convida a passar uma noite nada tranquila em um motel de beira de estrada que exala mistério e tensão. Dessa forma, o filme se apoia nas convenções clássicas do terror de assombração e do horror sobrenatural. No entanto, ele apresenta uma particularidade intrigante: a linha que separa o que é real do que é puramente espectral é propositalmente borrada.
Uma Atmosfera de Tensão Crescente no filme Turno Maldito
Desde os primeiros momentos, somos imersos em uma atmosfera de crescente tensão psicológica. Isso porque a protagonista, Gwen (Phoebe Tonkin), em seu primeiro turno noturno, logo percebe que o isolado motel não é um lugar comum. Afinal, segredos obscuros parecem pairar no ar. E uma presença maligna começa a se manifestar de maneiras sutis, mas perturbadoras.
A direção da dupla Benjamin e Paul China merece destaque pela forma como constroi esse clima opressivo. Isso porque a claustrofobia do ambiente é amplificada por ruídos sinistros e uma fotografia em tons frios que brinca com as sombras. Com isso, eles mantêm o espectador em constante estado de alerta, questionando cada som e cada vulto.
O Terror Tênue entre o Real e o Sobrenatural em Turno Maldito
O que torna “Turno Maldito” particularmente interessante é a forma como ele equilibra elementos sobrenaturais com horrores mais palpáveis e realistas. Ratos sorrateiros, máscaras macabras e bonecas com olhares inquietantes dividem espaço com aparições fantasmagóricas. Isso tudo levanta a dúvida constante: o que é fruto da imaginação de Gwen, consumida pelo medo e pela solidão? E o que é uma ameaça genuinamente sobrenatural?
Essa ambiguidade, aliás, é um dos pontos fortes do filme. Em vez de apostar em sustos fáceis e puramente sobrenaturais, “Turno Maldito” planta a semente da dúvida. Assim, o filme explora a fragilidade da sanidade em um ambiente isolado e aterrorizante. A performance de Phoebe Tonkin é fundamental para essa dinâmica. Afinal, ela transmite a crescente paranoia e o terror de sua personagem.
Reviravolta e Terror Explícito
A narrativa reserva uma reviravolta que redefine a história e a conduz para um território de terror mais explícito. Essa mudança de tom, embora possa surpreender alguns espectadores, adiciona uma camada extra de intensidade e brutalidade à trama. Dessa forma, mostra que o perigo pode assumir formas ainda mais concretas e violentas. Então, apesar de não se aprofundar tanto quanto poderia nas questões psicológicas da protagonista e da trama em si, “Turno Maldito” se mostra um filme interessante, bem-feito e, acima de tudo, envolvente.